terça-feira, 28 de maio de 2013

Finalmente... acabou!

Finalmente este blog chegou ao fim...
Muitos (incluindo eu!) dirão: Já não era sem tempo! Realmente, as primeiras postagens datam de Novembro de 2009, quando iniciei a minha quinta visita à Índia, e as últimas, referentes à sexta viagem, apesar de datadas de Dezembro 2011 (data do fim da minha 6ª viagem), foram postadas em Maio de 2013! Foram praticamente três anos e meio, 200 posts e quase 4000 fotografias que aqui deixei...
Valeu a pena?! penso que sim, pois para além do prazer que foi para mim ir revivendo as sensações e os locais por onde passei, recebi da parte de muitas pessoas, amigos(as) e desconhecidos(as), mensagens de apoio e muitas, muitas perguntas...

O blog aqui vai continuar e espero que continue a despertar curiosidade e "apetites". Continuo à disposição de quem me escrever - viajando.e.vendo@gmail.com - prometendo, como até aqui, responder ao que me for perguntado.

Em jeito de despedida deixo aqui "bocados" de um diálogo constante da Introdução do livro Uma ideia de Índia de Alberto Moravia (Edições tinta-da-china):

"Com que então, estiveste na Índia. Divertiste-te?
Não.
Aborreceste-te? 
Também não.
O que te aconteceu na Índia?
Fiz uma experiência.
Que experiência?
A experiência da Índia.
E em que consiste a experiência da Índia?
Consiste em fazer a experiência daquilo que a Índia é.
E o que é a Índia?
Como hei-de dizer-te? A Índia é a Índia.
Mas suponhamos que eu não sei de todo o que é a Índia. Diz-me tu o que é.
Eu também não sei verdadeiramente o que é a Índia. Sinto-a, é tudo.
(...)
Está bem. Mas ainda não me disseste o que é a Índia.
A Índia é a Índia.
Diz-mo numa fórmula, numa frase, num slogan.
Pois bem, a Índia é o contrário da Europa.
Fico a saber o mesmo. Em primeiro lugar, seria preciso que me dissesses o que é a Europa.
Prefiro encontrar um slogan para a Índia. Ora bem, digamos que a Índia é o país da religião.
(...)
Voltemos à Índia, tal como tu a viste. Ainda estou à espera de que me expliques o que quiseste dizer com a frase «a Índia é o país da religião». Para já, de que religião? Na Índia há muitas religiões. Do budismo? Do hinduísmo? Do jainismo? Do islamismo?
Não, de nenhuma dessas religiões.
Mas, que eu saiba, referi as principais religiões da Índia.
A Índia não é um país com uma religião historicamente bem definida, com um fundador, uma evolução, um passado, um presente e um futuro. A Índia é o país da religião como situação existencial. Da religião imediata. Por absurdo que pareça, mesmo que não houvesse religiões na Índia, a Índia seria à mesma o país da religião.
(...)
Diz só as coisas que mais te impressionaram. Ou as que primeiro te vierem à ideia.
Pois bem, ao acaso. O cheiro adocicado, penetrante, fétido, e nauseabundo, como o da sânie, de flores putrefactas ou de fruta podre, que se sente nas vielas de Benares, enquanto se abre caminho por entre a multidão de peregrinos.
(...)
Disse que a Índia é a religião, porque todo o mal e todo o bem da Índia parecem confirmar e justificar este conceito. 
(...)
Os indianos imitam os europeus e os europeus os indianos.
Ou seja?
Os indianos gostariam de acreditar na realidade dos sentidos, os europeus acreditam cada vez menos.
Então, uma vez que os papéis se inverteram, para que te serviu ir à Índia?
Já te disse, para fazer a experiência da Índia.
Ou seja?
Ou seja, ver por que razão os europeus são europeus e os indianos indianos."

Termino com uma frase de Nehru que caracteriza bem o que é a Índia: "Um conjunto de contradições unidas por fios fortes mas invisíveis"

Poderão agora "saltar" para a Introdução e ir vendo/lendo, a pouco e pouco, o blog...